De cada vez que leio um livro de Pedro Paixão, fico com a sensação de que não estou a ler nada de novo. E, se calhar, não estou mesmo. As histórias inventadas por Pedro Paixão são sempre semelhantes umas às outras. Englobam-se todas num quadro deveras intimista, no qual Pedro Paixão expõe as vidas das suas opacas personagens ao olhar inquisidor do leitor. Vê-se isso, por exemplo, em livros como Boa Noite, Amor Portátil, A Noiva Judia ou Histórias Verdadeiras. Em quase todos estes livros existe a descrição de um sentimento amoroso prestes a esvair-se em nada, em solidão. Esta descrição tanto pode ser feita por um homem ou por uma mulher, já que o amor é algo um tanto ou quanto universal. Ora, indo de encontro ao que acabei de referir, acrescentaria ainda que a sensação de desgaste de uma relação amorosa pode ter efeitos iguais num homem ou numa mulher, embora não seja comum que duas pessoas pensem ou sintam exactamente da mesma maneira. Isto porque cada um tem a sua maneira de se exprimir em situações idênticas.
Muitos são os que afirmam que Pedro Paixão é um autor light. Devido a algumas circunstâncias que me são alheias, chego, por vezes, a concordar com tal ideia. De facto, desde o cinzento prateado a dar cor às capas de alguns dos seus livros a títulos escolhidos como Nos Teus Braços Morreríamos, existe toda uma ambiência que leva o leitor comum a pensar que Paixão possui um não sei quê de leve. No entanto, a verdade é que Paixão possui uma escrita fluida, corrida, que faz com que a maior parte da sua ficção não necessite de um conteúdo muito aprofundado. O estilo de escrita ligeiro, cheio de silêncios e de frases por dizer, é o que faz com que Pedro Paixão seja, neste momento, um autor português que vale a pena ser lido. Nem que seja pela piada. É por isso que leio sempre Pedro Paixão de um só fôlego.
[Paulo Ferreira]
sábado, janeiro 21, 2006
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3 comentários:
só pela piada, mesmo...
de resto todo o post é uma bela "charge".
só pela piada, mesmo...
de resto todo o post é uma bela "charge".
oops... sorry pelo comentário repetido, foi um lapso
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