sexta-feira, janeiro 20, 2006

Cavaco

Visto serem eleições presidenciais as que aí estão à porta, e nelas se votar no homem, poder-se-ia, num país menos europeu ou menos caciquista, esquecer os partidos, e respectivas máquinas partidárias, que estão por detrás de cada um dos candidatos, à excepção de um ou dois. Nessa hipotética conjunção, tenho de admitir que, à excepção do perigosíssimo Garcia Pereira e do inenarrável Francisco Louçã, há quatro candidatos «votáveis» nestas eleições, tendo eu um enorme respeito por cada um deles. Por causa deste respeito, coibi-me de disparatar o máximo possível (como fizeram alguns outros blogues) sobre os candidatos da esquerda, ao contrário dos que se esforçaram por criticar a idade, a profissão, o nariz, a gravata e até a percentagem de votos prevista dos outros. Foi, por isso, uma campanha com poucos argumentos, baseada na simpatia (ou antipatia) por esta ou aquela personalidade.

Mas a simpatia não resvalou para a parte política, e aí vence o «menos mal». Ao contrário do que dizia uma senhora num telejornal ontem, Cavaco Silva não é um «homem frio e calculista» (sic). Se prestassem mais atenção às entrevistas mais informais do senhor, descobririam algo mais sobre ele. Foi uma campanha pensada, de facto (bem antes da campanha real começar), mas o «homem» mesmo é muito mais simples do que isso.

Talvez por isso eu seja obrigado a concordar com Cavaco quando ele diz que «não é um político». De facto, não é. É demasiado honesto e bem-intencionado para tal. Não no sentido mole, como Jorge Sampaio. Mas no sentido do trabalhador de escritório, dedicado, física e moralmente, ao trabalho. E ao país. E é por essa dedicação que mantenho a minha convicção e opção de Outubro.

[João Carlos Silva]

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