sábado, novembro 08, 2008

O Maverick e a lição de coragem



John McCain sai de cabeça erguida. Embora eu seja suspeito na análise, já que votaria nele se fosse americano, acho que McCain teve uma campanha honrada e construtiva. Impressionou-me pela positiva e, pela maior visibilidade que teve, fez-me ver que não é apenas o maverick imprevisível e impulsivo que eu pensava que era. Gostava que ele fosse presidente. Olhando para trás, gostava sobretudo que ele tivesse ganho a nomeação em 2000. Poderiam ter sido oito anos melhores. Poderiam. Não sei.

O que sei é que John McCain não tinha o apoio das «grassroots», das bases, que Huckabee tinha. Não tinha o dinheiro de Mitt Romney. Já depois da nomeação, foi visível que não teve os fundos necessários à construção antecipada de uma candidatura forte (ninguém acreditava que fosse ele o candidato nomeado pelos Republicanos), candidatura essa que Obama, se bem me recordo, começou a contruir até em 2004, com as primeiras grandes aparições televisivaws a nível nacional. McCain não teve os fundos nem o apoio logístico e estratégico que George W. Bush teve em 2000 e 2004, nem a «sorte» de ser um possível sucessor de dois mandatos dos Democratas, o que ajuda sempre à rotatividade natural dos partidos. Por fim, John McCain não teve as injecções de fundos que Obama teve, nem tem o carisma que este tem.

Em suma, John McCain não é jovem, não é alto e esbelto, não é «diferente» dos outros fisicamente. Mas mostrou que aos 72 anos o vigor pode ser, praticamente, uma escolha. Esteve de cabeça erguida o tempo todo e deu uma lição de política a bastante gente. E, a não ser que tenha um momento de loucura como Mário Soares teve nas últimas presidenciais, as hipóteses de McCain se candidatar à presidência chegaram ao fim. É pena. Se Obama inspirou tanta gente por ser «jovem» e «diferente», John McCain devia ter inspirado precisamente por ser «velho», de alguma forma isolado nos seus apoios e pela sua coragem. Sei que a mim me impressionou. Fica a lição dada. Merecia mais sorte.

2 comentários:

António disse...

Por essas razões que expuseste, assim como pela voz da razão que McCain impunha no seu discurso, considero que seria também o candidato no qual votaria.

Obama parece demasiado messiânico e aos mesmo tempo catastrófico, com as suas políticas utópicas de distribuição de riqueza. Dar oportunidades é correcto, mas dá-las a quem já desperdiçou tudo aquilo que um estado pode oferecer para se recuperar parece-me altamente imbecil.

Cumprimentos

João Carlos Santana da Silva disse...

António,

Em relação a Obama, já escrevi uma série de pequenos pormenores que me preocupavam no discurso dele a longo dos últimos meses. Aliás, ao longo da campanha, fui tendo cada vez menos simpatia pela «persona» política de Barack Obama, precisamente pela falta de lógica e falta de bom-senso das propostas dele. E é quando ele tinha propostas mais concretas.

O resultado de tudo isto? Nem sei muito bem o que Obama vai fazer. Neste momento, não consigo adivinhar nada. A não ser uma coisa, que escrevi aqui: vai gastar tanto ou mais que a Administração Bush.

Agora, ponderemos: Obama chega de forma messiânica pela sua figura; tem um Congresso, à partida, do seu lado, pelo menos até às próximas intercalares; por fim, é um democrata na Casa Branca após oito anos de um Republicano que, tal como Nixon, todos «adoravam odiar».

Eu acho que está tudo pronto para um belo período de ditadura do consenso.