sexta-feira, dezembro 22, 2006

Condições (supostamente) indispensáveis


Em A Cultura Integral do Indivíduo, um erudito do século XX português, Bento de Jesus Caraça, pergunta-nos o que é o homem culto. Dá três respostas excepcionais:

1º- Tem consciência da sua posição no cosmos e, em particular, na sociedade a que pertence;

2º- Tem consciência da sua personalidade e da dignidade que é inerente à existência como ser humano;

3º- Faz do aperfeiçoamento do seu interior a preocupação máxima e fim último da vida.

Não teria qualquer tipo de problema em substituir tudo o que aqui já escrevi para colocar estas três ideias de Jesus Caraça. Simplesmente, quando se tem a arte de nada de relevante se dizer, de nada vale usar a borracha ou apelar ao esquecimento. Isto porque tudo o que aqui se passa não é relevante, não tem pretensões de ensinar ou de se elevar a grupo em hipotética ascensão «política». O grémio passa sempre ao lado deste espaço simples e, admito, bacoco. Sigamos, no entanto, as excelsas palavras de Caraça:

Ser-se culto não implica ser-se sábio; há sábios que não são homens cultos e homens cultos que não são sábios; mas o que o ser culto implica, é um certo grau de saber, aquele precisamente que fornece uma base mínima para a satisfação das três condições enunciadas.

A aquisição de cultura significa uma elevação constante, servida por um florescimento do que há de melhor no homem e por um desenvolvimento sempre crescente de todas as suas qualidades potenciais, consideradas do quádruplo ponto de vista físico, intelectual, moral e artístico; significa, numa palavra, a «conquista da liberdade.»

[Paulo Ferreira]

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