Como eu nunca fumei, não tenho muita paciência com o martírio dos amigos que deixam de fumar. Antes eles eram intragáveis, por assim dizer, com aquele ar de superioridade e falso autodesprezo que todo viciado assume diante de nós, inocentes.
-Você não fuma, é? Faz muito bem. Eu já estou perdido...
Mas estava implícito na sua atitude que cada baforada era um gosto do doce prazer da perdição que eu jamais sentiria e que, por não fumar, eu era ingênuo, trouxa, contraído e provavelmente virgem.
Luis Fernando Verissimo, A Mesa Voadora
[João Carlos Silva]
terça-feira, outubro 03, 2006
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