As dúvidas que eu pudesse ter sobre a crueza desse país tão sui generis que é a Rússia dissiparam-se ontem, quando soube da morte de uma jornalista. Devo dizer, do assassinato de uma jornalista que criticava abertamente o regime do mais recente czar de Moscovo. Anna Politkóvskaya (1958 - 2006) foi assassinada à porta de casa, num momento em que conseguia consideráveis avanços nas suas investigações sobre a guerra na Tchechénia e, naturalmente, sobre os meandros da política externa/interna de Vladimir Putin. Claro que não parto para as suspeitas mais primárias que qualquer um pode ter, com associações que até parecem demasiado óbvias, mas o direito à suspeita já ninguém pode negar a quem quer que seja. Mas não interessa a política propriamente dita - num país em que nunca foi permitida nem tolerada a opinião aberta e a crítica directa, Politkóvskaya era um mulher de coragem. E isso, seja em que país for e por que opinião for, é sempre insubstituível.
[João Carlos Silva]
segunda-feira, outubro 09, 2006
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário