Penso que é possível gostar de Vasco Pulido Valente por duas «vias»: pelo estilo de escrita em obras e estudos sobre História, e pelo estilo aplicado às crónicas. Mas há outra. Há um outro registo menos desenvolvido (publicamente) que sempre me impressionou - a escrita autobiográfica.
Vasco Pulido Valente tem, realmente, alguns dos melhores textos autobiográficos que já li. Nem Rousseau se confessa desta forma. O estilo «habitual» é um pouco contido neste tipo de textos e surgem as verdadeiras «histórias», os textos realmente intemporais. Por exemplo, em Retratos e Auto-retratos: «Eu não comecei como Paulo Portas, aos dezasseis anos, por acusar de traição o Presidente da República; nem como Miguel Esteves Cardoso, aos dezoito, por aterrar a pátria com a minha sabedoria musical e demolir Namora. Os meus princípios foram modestos. (...) O meu primeiro artigo era sobre o teatro português (assunto que, aliás, nunca me interessara) e tinha a distinção de plagiar quase letra a letra um artigo de Eça, publicado cem anos antes na Campanha Alegre. Sobre alguma coisa eu havia de escrever e de algum sítio eu havia de copiar. O dr. Mário Soares, com aquela delicadeza que mais tarde o tornaria célebre, achincalhou-lhe logo paternalmente em público. Foi assim que eu comecei. «O que te falta é jeito», disse ele, em conclusão. Aviso benévolo».
Mantenho a minha modesta opinião, que já tenho há alguns anos. A de que Vasco Pulido Valente tem alguns dos melhores textos autobiográficos dos tempos que correm.
[João Carlos Silva]
sexta-feira, fevereiro 10, 2006
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