Hoje à noite, se o autor do blogue não for atacado pela mosca do sono, A Causa das Coisas estará ligada em directo à transmissão dos Óscares, para comentar no momento, e de sangue quente, os resultados, as surpresas e os prémios escandalosos. Já se sabe que os Óscares são, estranha e simultaneamente, os prémios menos justos e menos fiéis da indústria mas também o espectáculo favorito de quem gosta de cinema, pelas razões óbvias de se juntarem os «big movies» do ano na mesma sala. Ainda assim, tenho os meus favoritos, muito longe das circunstâncias e da possibilidade ou não de ganharem. Aqui vai um esboço de quem eu gostava que ganhasse:
MELHOR FILME- The Reader. O texto é bom, o argumento ainda melhor e é um filme que fica na memória. E um filme que deixa um eco que perdura só pode ser brilhante. O melhor do ano. Frost/Nixon, apesar de um certo «cheiro» a telefilme, também tem a minha simpatia, mas fica aquém da perfeição do filme de Stephen Daldry.
MELHOR FILME ESTRANGEIRO- Valsa com Bashir, sem dúvida. Ainda que, aqui, eu peque por dizer isto, já que não vi os outros (A Turma, consta, também poderá merecer, o que não quer dizer que ganhe). Uma nota para isto: até mesmo se Slumdog Millionaire competisse nesta categoria, perderia redondamente se houvesse justiça no mundo. Mas já se sabe que o mundo é injusto, e muito.
MELHOR ARGUMENTO ADAPTADO- aqui será a luta mais renhida nas minhas preferências. Três excelentes textos: The Reader, um filme brilhante; Frost/Nixon, uma adaptação muito bem conseguida para o grande écrã, sem perder a força das personagens; e Doubt, que gostaria que ganhasse o Óscar aqui para compensar a ausência do lote de nomeados para melhor filme - transpõe uma peça genial para um filme fiel e igualmente ambivalente (só os sermões do Padre Flynn valem o boneco).
MELHOR ARGUMENTO ORIGINAL- Milk é o favorito, sem pensar muito. Gus Van Sant continua a ser um dos melhores argumentistas do cinema actual. Mas WALL-E pode vir a ser a surpresa da noite e com razão: Andrew Stanton revolucionou a escrita para filmes de animação e deu uma profundidade pouco habitual a esse «lado» do cinema. Qualquer um dos dois merece.
MELHOR ACTOR- Langella ou Rourke. Frank Langella porque dá vida interior a uma figura mítica da história americana, fugindo aos clichés de interpretar personagens históricas (razão pela qual não quero que Penn ganhe mas também razão pela qual Penn provavelmente ganhará). Rourke pelas melhores razões e pelo sentimentalismo de que já falei por aqui. Mas, por favor, não dêem o Óscar ao Pitt.
MELHOR ACTRIZ- Winslet, Winslet, Winslet. Deviam poupá-la ao cansaço de ir à cerimónia e mandar-lho já pelo correio. A mulher é fantástica e mete a um canto gerações inteiras de excelentes actrizes. A concorrência é boa (Jolie na intepretação de uma carreira, que Clint lhe deu e ela não volta a ter; Streep num registo que lhe fica sempre melhor do que a de «mulher chorona») mas não sejamos complicados. O brilhantismo é de premiar ou não?
MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO- por mim ganhava sempre Seymour Hoffman (nomeado por Doubt). Mas Heath Ledger está realmente muito bem em Dark Knight (um filme que até poderia estar entre os nomeados em vez de certas banalidades), independentemente da mística que rodeia a coisa. Eu aposto em Ledger, porque merece e porque Seymour Hoffman não pode ganhar sempre.
MELHOR ACTRIZ SECUNDÁRIA- Marisa Tomei. Nunca pensei que fosse tão boa actriz, mas afinal é e emocionou-me imenso no papel dela, rivalizando com a força generosa de Rourke. Um papel humilde, real e muito muito sentido.
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