domingo, novembro 26, 2006

Mário Cesariny 1923-2006



Não sou um adepto confesso do surrealismo. Mas uma parte do que leio ou procuro escrever hoje é, sem dúvida, influenciada pela irreverência que Cesariny deixou como seu legado. Essa irreverência, digna de muito respeito, ficou cá.

*

poema

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a contura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura


[João Carlos Silva]

4 comentários:

Desambientado disse...

Gostei do seu blog e da pertinência e actualidade dos posts.
Gostei especialmente do seu comentário a John Cage no post "Silêncio".
Tenho uma página num jornal dos Açores, "A União" intitulada Blogs.do.mundo. Dá-me autorização para que publique esse post com referência ao seu blog?

Cumprimentos:

Félix

Desambientado disse...

Desculpem. O pedido deveria ter sido dirigido tanto ao João Silva como ao Paulo Ferreira. Dirijo-o agora aos dois.

Cumprimentos.
Félix

a causa das coisas disse...

Tenha toda a liberdade para o fazer, caro Félix.

Obrigado pelo comentário e volte sempre.

Cumprimentos,
João Carlos Silva

Desambientado disse...

Muito obrigado.

Publicá-lo-ei amanhã.

Cumprimentos:

Félix