Conheço um homem que, durante o acto sexual, gera estrondosos hinos à masculinidade, chamando a sua mulher de puta. Seguindo a vida desse homem que conheço, confesso que aprecio aqueles que incluem, entre literaturas menores e enfadonhas, a palavrinha de quatro letras nos seus escritos. Puta. É bonito, prático e barato. «Minha grandessíssima mulher da vida!», não soaria tão bem, nem a coisa sairia como se desejaria. Mas, infelizmente, o Politicamente Correcto (leia-se Portugal Contemporâneo) ainda predomina. E, devido à predominância de uma alma colectiva, repleta de defesas da honra e de fotogenias, estamos todos obrigados, varões da consciência da preservação intelectual, obrigados a dizer mariquices. Chega-se a namorada e o rapagão exclama: «ai, minha marota/macaca/malandra/cabrita/afoita/desnaturada, agora é que me lixastes!» Não dá.
[Paulo Ferreira]
sábado, setembro 16, 2006
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