A literatura de casa-de-banho é das coisas mais belas que já me foram dadas a ver. Sou um frequentador assíduo, mas pacífico, de cubículos de WC's de universidades - talvez sinal de uma certa impaciência crónica -, mas não por gosto ou por passeio. Como tal, tenho presenciado vários acesos debates epistemológicos ao longo dos tempos. Para quem pensa que os universitários não discutem ideias, uma cagada na faculdade pode mudar todo um preconceito.
Podem-se encontrar encadeamentos de ideias absolutamente inesquecíveis. Por exemplo: «PNR, por Portugal», seguido de «o PNR - Panascas Nazis da Ralé», seguido de «calem-se mas é e ouçam Mettalica», seguido de «metallica não vale um corno, música de fascistas», seguido de versos de Cesário Verde «Se eu não morresse, nunca! e eternamente / buscasse e conseguisse a perfeição das cousas! / esqueço-me a prever castíssimas esposas, / que aninhem em mansões de vidro transparente», de um hino de Portugal adaptado ao desapreço por estudar e, por fim, seguido do vaticínio: «aproveita e caga aqui, que lá fora é o capitalista que caga para ti».
Há sítios, na Europa, onde a Operação Bolonha (como é que se chama mesmo?) nunca chegará. Graças a Deus.
[João Carlos Silva]
domingo, junho 17, 2007
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