quinta-feira, abril 24, 2008

Camus



Qual o homem que nunca quis ser como Camus? É a «estrela de futebol» do universo dos escritores (curiosamente, é-o mesmo, tendo jogado futebol amador em Argel, na posição de guarda-redes... e bom, segundo parece), motivo de uma inveja respeitosa por parte de todos os potenciais escritores. Qual o homem que, ao pegar na caneta, nunca quis ser como Camus? Cigarro ao canto da boca, gola levantada, charme magneticamente chamador de mulheres bonitas, existencialista moderado e racional. Os seus romances misturam-se com as temáticas de Dostoiévski, o absurdo cómico-trágico da suas personagens confundem-nos e passam para a nossa visão das coisas. Mersault não sofre menos incompreensão que Joseph K., é certo. Camus, ainda por cima, era um homem de causas. Legítimas, ao que parece. Anti-guerra, mas com reflexão, sem fome de fama. Quem nunca quis ser como Camus? Sartre, pelo que se sabe, queria ser como ele, e mordia-se por dentro por essa razão. Sinceramente, se eu fosse Jean-Paul Sartre, preferiria ser como Camus, verdade seja dita. Equilibrar a caneta numa mão e o cigarro noutra, eis uma verdade que o homem legou a gerações de escritores empenhados.

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