Ontem, uma vez mais, perdi o meu preciosíssimo mas inutilíssimo tempo a ver uma edição do saudoso Raios & Coriscos na RTP Memória. Como muitos saberão, o programa apresentado por Manuela Moura Guedes foi um grande ícone da «televisão bizarra», juntamente com, vá lá, o Programa do Além, apresentado por Teresa Guilherme, onde um homem ressuscitou um canário com o pescoço partido.
Ressuscitações à parte, o que se passou no Raios & Coriscos de «ontem», que tinha o tema da «Prostituição» e apresentou como convidado principal o major Valentim Loureiro (convite não deliberadamente relacionado com o tema), foi um excelente caso de plebiscito popular e que dá razão a um recente pedido de Valentim (que queria ser julgado na televisão, pelo «povo»): o major, reputado político corrupto e bon vivant (ou, numa versão mais prosaica e menos Casanova, reputado mafioso e putanheiro), resolveu a meio do programa lançar um longo discurso improvisado acerca das condições sociais e económicas em que as pobres raparigas viviam e de que como ele garantia que ia fazer tudo para combater estas causas de desigualdade social. Elevando a voz, tornou-se o centro das atenções. Ao gritar, causou tumulto entre os outros convidados e recebeu uma chuva de palmas da plateia.
Como sempre na história política, ganha quem grita mais e melhor. O povo apoia quem se zanga. Parece séria e firme, a expressão de um homem como Valentim Loureiro, quando grita com alguém. Aplaudem as pessoas, em voto virtual que se perpetua no futuro. Os tubarões da política local, como Valentim, agradecem.
segunda-feira, março 17, 2008
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