sexta-feira, agosto 04, 2006

O peso da desonestidade


Há dias vi com atenção esse grande clássico do cinema burlesco que é o Bowling for Columbine, de Michael Moore. A peça já era sobejamente conhecida. O realizador também. A insolência do homem é que merece sempre uma segunda e uma terceira revisões, no mínimo. Tal como um livro genial, o filme de Michael Moore merece ser visto inúmeras vezes. Verdade. Porquê? Porque Moore, do alto da sua ignorância, espalha várias pepitas da insignificância do seu carácter por tudo o que faz. E essas pequenas pérolas não são encontradas logo à primeira.

Facto: todos os jovens de Columbine, e de outros crimes, foram realmente atingidos em cheio pela violência dos acontecimentos. Facto: há, de facto, uma grande fatia de americanos que deseja ardentemente a total liberdade de possuir armas de determinado calibre, o que resulta na multiplicação das «armas de casa». Mas também há outros aspectos a apontar: primeiro, as pessoas envolvidas (a maioria involuntariamente, calculo) na montagem e realização do filme nunca tiveram noção do que Moore queria fazer com aquilo, ou onde iria com a sua brincadeira; segundo, a desonestidade de Moore, especialmente na montagem das sequências de filme, não tem limites; terceiro, a referida criatura usa e abusa, de forma desumana, dos dramas pessoais de cada um dos que estiveram no liceu de Columbine no fatídico dia do massacre ou em outras escolas com outros acontecimentos semelhantes.

Facto final: Moore tenta fazer um documentário de um filme onde manipula tudo e todos, num exercício de pobre retórica que enerva o ser mais pacífico, chegando ao ponto de filmar (com tal macabra intenção) Charlton Heston, no alto da sua já avançada idade, com já visíveis dificuldade em andar. A personalidade de Moore é portanto uma digna da mais carregada desconfiança, um ser complicado que sofreu graves perturbações morais - provavelmente como efeito secundário de visitas em excesso ao posto McDonald's local. Confesso que não consegui compreender onde queria Moore chegar com Bowling for Columbine. Mas não acho que tal seja grave, ou um defeito apenas meu. Aliás, até hoje só Clint Eastwood conseguiu compreender bem a criatura: «Se Michael Moore bater à minha porta, disparo contra ele».

[João Carlos Silva]

4 comentários:

Anónimo disse...

João,
Desconhecia essa fantástica asserção de Clint Eastwood - subscrevo-a, apesar de não ter uma arma.
Nunca cheguei a ver na totalidade esse documentário do Moore, vi, todavia, a parte final com C. Heston - o sr. Ben-Hur também não é um anjinho...
No entanto, no meu entender, o auge da manipulação criminosa é o documentário Farenheit 9/11. Dá mesmo vontade de praticar tiro ao alvo como propôs Eastwood.
Ah, e aqueles presunçosos de Cannes a exultá-lo, galardoando-o com a Palma de Ouro, é para mim o momento mais alto e bem revelador do estado actual da Velha Europa.
Um abraço

a causa das coisas disse...

Caro AMC,

Charlton Heston é, realmente, um homem apaixonado por ele próprio. Mas a atitude desafiadora da NRA foi a postura escolhida por todos eles (membros da associação) para defender o tal direito à posse de armas.
Ainda assim, Moore consegue, aos olhos de uma pessoa minimamente atenta, fazer dos visados pelo filme «vítimas» da sua desonestidade - de tão óbvia que esta me parece.

Quanto a Farenheit 9/11, é melhor nem ver...

Cumprimentos,
João

Anónimo disse...

Vc não entendeu aonde Michael Moore queria chegar com o filme simplesmente pq vc é um imbecil. Não é burro, embasou bem o seu texto, mas é um imbecil, assim como o pobre senil do Charlton Heston. O seu texto distorce mais a idéia do que realmente significa o filme do que qualquer um dos motivos que vc citou como "desonestos" por parte do Diretor. Se vc defende o uso de armas, em vez de atirar no Michael Moore como faria outro imbecil (Clint Eastwood), atire no próprio pé. Afinal.. é isso que resume o seu texto. Um tiro no próprio pé.

Anónimo disse...

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