terça-feira, agosto 29, 2006
sábado, agosto 26, 2006
sexta-feira, agosto 25, 2006
Limpezas autárquicas
Há alguns dias, o PCP (ou, vá lá, a CDU) resolveu enxotar o Presidente da Câmara de Setúbal Carlos Sousa. A desculpa: um imbróglio envolvendo as reformas de trabalhadores ou elementos da Câmara. É claro que, como bom camarada, o autarca resolveu sair de palco. Alegando sanidade e ética (que, para ser franco, reconheço no senhor), Carlos Sousa aproveitou para se livrar de maiores complicações pessoais e judiciais que lhe seriam, sem dúvida, criadas pelo partido mais totalitário do distrito.
Para trás ficam, por outro lado, a obra feita e o método que Carlos Sousa alegadamente preferia seguir para agir: trabalhar na Câmara. Método esse que nunca agradou muito à «rapaziada» que já cá está há tanto tempo (com idade e juízo de sobra) mas ainda não assimilou o conceito de glasnost que o suposto «traidor» Gorbachev pôs em prática há décadas.
Afinal, o centralismo democrático existe mesmo - depois de ser eleito, o partido pode fazer toda e qualquer coisa. Até troçar da escolha dos eleitores.
[João Carlos Silva]
sábado, agosto 19, 2006
Três elementos para um bom sábado
1- a compra de um saco cheio de livros antigos.
2- um jogo do Vitória para matar saudades.
3- a capa da Notícias Sábado de hoje.
[João Carlos Silva]
2- um jogo do Vitória para matar saudades.
3- a capa da Notícias Sábado de hoje.
[João Carlos Silva]
Dona Bárbara
«Há coisas que irritam. Gente que fura as filas, que corta as unhas em público, que pára o carro no meio da estrada. Mas nada é tão irritante quanto Bárbara Guimarães a declamar Eugénio de Andrade na promoção do seu programa da SIC Notícias, Páginas Soltas. Aqueles 20 segundos de televisão são a maior piroseira cultural alguma vez vista em Portugal, pelo menos desde os tempos em que Manuel Alegre gravava discos de poesia com voz épica e cavernosa.»
João Miguel Tavares, Diário de Notícias 19/08/06
[João Carlos Silva]
João Miguel Tavares, Diário de Notícias 19/08/06
[João Carlos Silva]
sábado, agosto 12, 2006
Os «jantadores» tardios
Como «jantador» imprevisível, partilho a angústia do JCS: «Em Carnide, em pleno Agosto, não se consegue jantar às dez e meia da noite. Os restaurantes, imagine-se, já fecharam as suas cozinhas». Isto sim, é uma boa causa para uma manifestação em S. Bento. Vale a pena ler.
[João Carlos Silva]
[João Carlos Silva]
Ovo a galope
Não há nada no mundo mais saudável e pitoresco do que estar em Setúbal e pedir, numa tasca, um bife com ovo a cavalo. Melhor do que isso, só mesmo saber fazer um com mestria.
[João Carlos Silva]
[João Carlos Silva]
O velho das montanhas
Sobre o que se tem escrito sobre Fidel Castro e o seu debilitado estado de saúde, sempre achei mais piada ao que disse a sua própria filha: «Tenho pena do meu pai, mas tenho muito mais pena do povo cubano».
[João Carlos Silva]
Os artigos de Rui Tavares
Certos colunistas dão-nos mesmo uma grande prazer de odiar. É claro que isso depende do lado em que nos encontramos, da trincheira que escolhemos. Mesmo não tendo escolhido trincheira para me aninhar fardado, com suma ideológica debaixo do braço, juntamente com alguns idealistas, tenho alguma ideia de onde me encontro politicamente. Sobretudo, sei onde me encontro por oposição aos outros.
Sendo assim, também tenho alguns colunistas de estimação. E também, especificamente, alguns «ódios de estimação». Ainda que eu próprio não seja ninguém, devo reconhecer a minha grande incapacidade para absorver a matéria que é, por exemplo, explanada nos artigos de Ana Sá Lopes. De tanta rejeição, não consigo evitar passar os olhos por tudo o que a colunista escreve. Outro exemplo é Miguel Sousa Tavares... pelo menos enquanto tinha a coragem de o ler.
Mas um caso peculiar é o de Rui Tavares. O historiador, que já esteve em distintos blogs para as bandas do Bloco de Esquerda, passou a escrever para o jornal Público há algum tempo, e veio dar uma nova cor às leituras de sábado. Começou bem, com temas menos comuns, menos batidos, e com um estilo diferente, não necessariamente «irreverente» (como tanto está na moda e como tanta gente gosta). Só é pena que Tavares, ultimamente, tenha desabado para uma certa repetição semanal das previsíveis posições que poderá tomar (e efectivamente toma) um militante ou ardente simpatizante do BE. Não falo da disposição libertária (que até é saudável) nem das preocupações sociais. Falo da atitude perante Estados Unidos, Reino Unido, Médio Oriente, Cavaco Silva e uns tantos que me ficaram na retina mas estão no esquecimento.
A sua particularidade, no entanto, vem da inteligência com que escreve. Vem, sobretudo da inteligência no humor com que escreve. Sem ser irritantemente irónico como o típico colunista contestatário nem profundamente assertivo ou pretensamente académico como um jovem colunista em ascensão, Rui Tavares consegue fazer-me obrigar a ler os seus artigos com toda a atenção todas as semanas. Até mesmo para desancar em Israel e desenrolar tudo aquilo que já se esperava que achasse sobre o conflito no Líbano, teve o cuidado de tentar elogiar «o povo de Israel» (embora eu ache que tal recurso seja uma pobre desculpa para debitar, em seguida, a tese geral das «potências agressoras»).
Pelo estranho vício de o ler, considero, por isso, Rui Tavares uma leitura obrigatória nos jornais da semana. Se há muita gente que marchou com a UDP nos bons velhos anos 70 mas hoje gosta sempre de visitar a coluna de Vasco Pulido Valente, eu pertenço a um outro género: os que, quando cansados da ladaínha extremamente desapaixonada do lado mais conservador, não hesita em ler Rui Tavares. Provavelmente, um futuro VPV. Na outra banda, é claro.
[João Carlos Silva]
Sendo assim, também tenho alguns colunistas de estimação. E também, especificamente, alguns «ódios de estimação». Ainda que eu próprio não seja ninguém, devo reconhecer a minha grande incapacidade para absorver a matéria que é, por exemplo, explanada nos artigos de Ana Sá Lopes. De tanta rejeição, não consigo evitar passar os olhos por tudo o que a colunista escreve. Outro exemplo é Miguel Sousa Tavares... pelo menos enquanto tinha a coragem de o ler.
Mas um caso peculiar é o de Rui Tavares. O historiador, que já esteve em distintos blogs para as bandas do Bloco de Esquerda, passou a escrever para o jornal Público há algum tempo, e veio dar uma nova cor às leituras de sábado. Começou bem, com temas menos comuns, menos batidos, e com um estilo diferente, não necessariamente «irreverente» (como tanto está na moda e como tanta gente gosta). Só é pena que Tavares, ultimamente, tenha desabado para uma certa repetição semanal das previsíveis posições que poderá tomar (e efectivamente toma) um militante ou ardente simpatizante do BE. Não falo da disposição libertária (que até é saudável) nem das preocupações sociais. Falo da atitude perante Estados Unidos, Reino Unido, Médio Oriente, Cavaco Silva e uns tantos que me ficaram na retina mas estão no esquecimento.
A sua particularidade, no entanto, vem da inteligência com que escreve. Vem, sobretudo da inteligência no humor com que escreve. Sem ser irritantemente irónico como o típico colunista contestatário nem profundamente assertivo ou pretensamente académico como um jovem colunista em ascensão, Rui Tavares consegue fazer-me obrigar a ler os seus artigos com toda a atenção todas as semanas. Até mesmo para desancar em Israel e desenrolar tudo aquilo que já se esperava que achasse sobre o conflito no Líbano, teve o cuidado de tentar elogiar «o povo de Israel» (embora eu ache que tal recurso seja uma pobre desculpa para debitar, em seguida, a tese geral das «potências agressoras»).
Pelo estranho vício de o ler, considero, por isso, Rui Tavares uma leitura obrigatória nos jornais da semana. Se há muita gente que marchou com a UDP nos bons velhos anos 70 mas hoje gosta sempre de visitar a coluna de Vasco Pulido Valente, eu pertenço a um outro género: os que, quando cansados da ladaínha extremamente desapaixonada do lado mais conservador, não hesita em ler Rui Tavares. Provavelmente, um futuro VPV. Na outra banda, é claro.
[João Carlos Silva]
Pequenos golpes
Mesmo durante uma curta ausência, fui-me apercebendo do facto de José Rodrigues dos Santos ser, talvez, o jornalista mais isento/honesto da nossa televisão nas reportagens sobre o conflito em Israel e no Líbano. O meu caro Bruno Alves chamara a atenção, há umas semanas, para o mesmo: «Rodrigues dos Santos (...) mostra também o que se passa nos locais atingidos por Israel. Mostra como são controlados pelo Hezbollah, como o Hezbollah tudo domina, e em todos manda. Pena que, mal acabem as reportagens de Rodrigues dos Santos, a RTP regresse à ladaínha dos "alvos exclusivamente civis", desmentida nas reportagens que ela própria emite, e que ela própria ignora».
Como tal, e como prémio para o sempre bem informado telespectador português, o jornalista já lá não está.
[João Carlos Silva]
Como tal, e como prémio para o sempre bem informado telespectador português, o jornalista já lá não está.
[João Carlos Silva]
sábado, agosto 05, 2006
Jogadores milionários
«Meu caro, o futebol dos heróis morreu. O futebol amor-da-pátria não existe mais. O craque quer é levar vida de milionário, crisálida que nasceu da sua miséria anterior. E mira-se orgulhoso no exemplo ao mesmo tempo maravilhoso e cheio de ciladas do caso racial e humano de Pelé. Antigamente os nossos cobras não tinham confiança em si próprios. Agora têm até de mais. E o Brasil não encontra onze que aceitem a ideia de que futebol tem de ser de novo sacrifício. Sabe? Tudo se chateia, porque, ricos, não têm mais a juventude sublime dos 18 anos...»
- Chianca de Garcia, Cartas do Brasil
[João Carlos Silva]
- Chianca de Garcia, Cartas do Brasil
[João Carlos Silva]
sexta-feira, agosto 04, 2006
O peso da desonestidade
Há dias vi com atenção esse grande clássico do cinema burlesco que é o Bowling for Columbine, de Michael Moore. A peça já era sobejamente conhecida. O realizador também. A insolência do homem é que merece sempre uma segunda e uma terceira revisões, no mínimo. Tal como um livro genial, o filme de Michael Moore merece ser visto inúmeras vezes. Verdade. Porquê? Porque Moore, do alto da sua ignorância, espalha várias pepitas da insignificância do seu carácter por tudo o que faz. E essas pequenas pérolas não são encontradas logo à primeira.
Facto: todos os jovens de Columbine, e de outros crimes, foram realmente atingidos em cheio pela violência dos acontecimentos. Facto: há, de facto, uma grande fatia de americanos que deseja ardentemente a total liberdade de possuir armas de determinado calibre, o que resulta na multiplicação das «armas de casa». Mas também há outros aspectos a apontar: primeiro, as pessoas envolvidas (a maioria involuntariamente, calculo) na montagem e realização do filme nunca tiveram noção do que Moore queria fazer com aquilo, ou onde iria com a sua brincadeira; segundo, a desonestidade de Moore, especialmente na montagem das sequências de filme, não tem limites; terceiro, a referida criatura usa e abusa, de forma desumana, dos dramas pessoais de cada um dos que estiveram no liceu de Columbine no fatídico dia do massacre ou em outras escolas com outros acontecimentos semelhantes.
Facto final: Moore tenta fazer um documentário de um filme onde manipula tudo e todos, num exercício de pobre retórica que enerva o ser mais pacífico, chegando ao ponto de filmar (com tal macabra intenção) Charlton Heston, no alto da sua já avançada idade, com já visíveis dificuldade em andar. A personalidade de Moore é portanto uma digna da mais carregada desconfiança, um ser complicado que sofreu graves perturbações morais - provavelmente como efeito secundário de visitas em excesso ao posto McDonald's local. Confesso que não consegui compreender onde queria Moore chegar com Bowling for Columbine. Mas não acho que tal seja grave, ou um defeito apenas meu. Aliás, até hoje só Clint Eastwood conseguiu compreender bem a criatura: «Se Michael Moore bater à minha porta, disparo contra ele».
[João Carlos Silva]
quinta-feira, agosto 03, 2006
Uma história da violência
A propósito das possíveis discorrências que nascem do assassinato de Gisberta, haverá talvez muito a dizer, a reflectir. O ponto final dessa discussão é que, parece-me, é um que nunca terá lugar para aparecer. Tal como a primeira linha, a primeira voz, dessa discussão, que se perde no passado. A discussão: deverão as «crianças» ser julgadas como adultos? Sou um dos indecisos crónicos que não tem um sólido tutano moral para responder prontamente.
As crianças não são os «anjos sem asas» de que toda a gente fala. Para além da falta de asas, têm uma notável falta de halo sobre as suas pequenas mas capazes cabeças. A sua excepcionalidade vem da vulnerabilidade física que têm. Por outro lado, a sua faculdade mais assustadora vem daquilo a que nós, bárbaros urbanos ultracivilizados, já não estamos habituados: a inexperiência. A mente como tábua rasa. Este aspecto assusta-nos, pondo-nos perante as mais macabras e violentas situações. Mas, crianças ou não, não deixam de ser humanos - em crescimento.
A verdadeira questão não está na idade a partir da qual deverão ou não ser julgados, assim como na questão do aborto não se deve tomar cinicamente como importante a partir de quantos meses um feto é ou não um feto, ou, como se diz, a partir de quantos meses é vida. A verdadeira questão é uma que está oculta, uma questão ética que nunca poderá ser resolvida. Assim como nunca um adulto cumpridor da lei conseguirá compreender o porquê das crianças, tal como os adultos, se insultarem mutuamente, e em especial ao «menino gordo» e ao «menino maricas». Essa crueldade das crianças é uma crueldade que, por muito que se analise ou se queira compreender, não poderá ser eliminada.
Devem as crianças ser educadas no sentido contrário desses comportamentos? Sim, seria um idiota se negasse que tal didáctica poderá ter efeitos positivos. Deverão as crianças ser protegidas para não tomarem certos comportamentos violentos como normais? Sim, se me explicarem como tal coisa pode ser feita sem afastar as crianças do mundo em que vivem. Mas se me perguntarem se devem ser castigadas, responsabilizadas pelos seus actos (como o que está em causa no «caso» das Oficinas de S. José no Porto), a resposta terá de ser afirmativa. Não positiva, mas afirmativa: não fazer dos jovens «exemplos», mas castigá-los pelo que fizeram. À falta dos instrumentos mágicos que façam do ser humano um ser pacífico, sociável, a lei - igual para todos mas responsável e responsabilizadora (tendo em conta a condição mental ou a idade do arguido) - ainda é o melhor que temos, o mais próximo que temos de uma sociabilidade mais segura.
[João Carlos Silva]
As crianças não são os «anjos sem asas» de que toda a gente fala. Para além da falta de asas, têm uma notável falta de halo sobre as suas pequenas mas capazes cabeças. A sua excepcionalidade vem da vulnerabilidade física que têm. Por outro lado, a sua faculdade mais assustadora vem daquilo a que nós, bárbaros urbanos ultracivilizados, já não estamos habituados: a inexperiência. A mente como tábua rasa. Este aspecto assusta-nos, pondo-nos perante as mais macabras e violentas situações. Mas, crianças ou não, não deixam de ser humanos - em crescimento.
A verdadeira questão não está na idade a partir da qual deverão ou não ser julgados, assim como na questão do aborto não se deve tomar cinicamente como importante a partir de quantos meses um feto é ou não um feto, ou, como se diz, a partir de quantos meses é vida. A verdadeira questão é uma que está oculta, uma questão ética que nunca poderá ser resolvida. Assim como nunca um adulto cumpridor da lei conseguirá compreender o porquê das crianças, tal como os adultos, se insultarem mutuamente, e em especial ao «menino gordo» e ao «menino maricas». Essa crueldade das crianças é uma crueldade que, por muito que se analise ou se queira compreender, não poderá ser eliminada.
Devem as crianças ser educadas no sentido contrário desses comportamentos? Sim, seria um idiota se negasse que tal didáctica poderá ter efeitos positivos. Deverão as crianças ser protegidas para não tomarem certos comportamentos violentos como normais? Sim, se me explicarem como tal coisa pode ser feita sem afastar as crianças do mundo em que vivem. Mas se me perguntarem se devem ser castigadas, responsabilizadas pelos seus actos (como o que está em causa no «caso» das Oficinas de S. José no Porto), a resposta terá de ser afirmativa. Não positiva, mas afirmativa: não fazer dos jovens «exemplos», mas castigá-los pelo que fizeram. À falta dos instrumentos mágicos que façam do ser humano um ser pacífico, sociável, a lei - igual para todos mas responsável e responsabilizadora (tendo em conta a condição mental ou a idade do arguido) - ainda é o melhor que temos, o mais próximo que temos de uma sociabilidade mais segura.
[João Carlos Silva]
quarta-feira, agosto 02, 2006
O falso veraneante
Qualquer bom português espera o momento das férias para atirar ao ar a pastinha do emprego e assobiar bem alto. O destino agora é outro. As manhãs agora serão dedicadas a acordar... às 6 da manhã. O destino é outro, portanto. Depois de um ano de trabalho, é agora oportunidade para se dedicarem ao seu grande prazer, ao prazer mais perene e metafísico de todos. O destino: as praias...
Parece haver uma comovente mobilização geral todos os anos neste canto da Europa no que toca aos topos assoalhados. Tal qual um Ícaro especialmente eufórico, o português normal voa em direcção ao Sol, onde quer que ele esteja. Caso eu gostasse de fazer o mesmo, diria: com toda a razão. Mas não gosto.
A praia é, de facto, um sítio imemoriavelmente maldito para «a minha pessoa». Queimaduras. Cansaço. Tempo perdido. Sol nos olhos, nas costas e na cabeça. Impossível a leitura. Não o recomendo a ninguém, é claro. Mas, tal como as pessoas que não suportam o fumo mas evitam fazer a cara de nojinho e agitar a mão à frente do nariz, também eu evito reprovar aquilo que a esmagadora maioria dos outros parece fazer sem problemas... e sem pensar nas possíveis consequências «menos positivas».
A minha relação com a praia não é melhor do que aquela que Roy Scheider tinha com a água em Jaws. Por isso, insiro-me naquele curto, mas valente, lote de pessoas que anseia pelas férias como pela reforma, pela possibilidade de se fecharem em casa com mais afinco e mais livros, até o dia chegar no qual se sentirão um pouco sozinhas. Aí, nesse dia, talvez - apenas talvez - as portas de casa se voltarão a abrir revelando uma nesga de areia, um bracinho de água e um sol necessariamente murchinho. Só com esse sol de outono poderei voltar a pensar numa visita às praias de Portugal, esquecendo qualquer efeito nefasto da estrela maior. Até porque, não esqueço, foi debaixo de um sol assassino de Verão que este rapaz perdeu os sentidos e cometeu a imprudência de ler Manuel Tiago.
[João Carlos Silva]
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