quinta-feira, junho 08, 2006

O cadáver

«Debruçou-se para o cadáver, apalpou a queixada e verificou que estava firme: arreganhou os lábios e meteu o cartão nos dentes e gengivas. Era o momento; o assistente observava com indefectível admiração o subtil adejar dos polegares com que ele levantou os cantos do cartão, a carícia das pontas dos dedos com que ele repôs no seu lugar os lábios descorados e secos. E - atentai! - onde houvera a linha áspera do sofrimento havia agora um sorriso.»

- Evelyn Waugh, O Ente Querido, trad. de Jorge de Sena

[João Carlos Silva]

1 comentário:

Anónimo disse...

Keep up the good work » » »