Dever dinheiro tem o seu quê de trágico. Nem que sejam os trinta e sete cêntimos que não nos lembramos de pagar ao credor. A qualquer momento surge a interrogação desinteressada: «olha, estás-me a dever dinheiro, não é? Não é preciso dares-mo já, era só para saber...». Pela largueza de espírito, um prémio. O devedor crucificado em praça pública. O que não deixa de ter graça. Clap clap clap, a contradição entre o agiota e o pobre, por trinta e sete cêntimos dos quais nunca se percebe bem de onde vieram os sete. Esta tragédia retratou-a melhor Joseph Roth num seu livro: um bêbado que deve duzentos francos à Santa (exactamente, à «santinha») não deixa de ser uma forma genialmente literária do drama do devedor-não-pagador.
[João Carlos Silva]
sexta-feira, junho 09, 2006
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