O dia quinze de Setembro não tem o encanto que teve o dia quinze de Agosto ou o dia quinze de Julho. O tempo, apesar de continuar abafado e digno de um país norte-africano, não é igual a outros tempos. Nota-se que um céu menos azulado invade as vidas de quem trabalha e de quem não trabalha. Daqui a pouco, estamos no Outono, na época da queda das folhas, do início do frio. Ora, nada tenho contra o tempo menos quente. Prefiro andar com camisa todos os dias do que andar nu para não transpirar. O Inverno é a minha estação. Gosto de chuva, de cobertores e de chocolate quente com jornais. Mas também gosto de algo que só se vê no Verão: pernas de mulheres.
Mulheres com saias, sem saias, com sapatos, sem sapatos, mas sempre com pernas ao léu. O único incentivos que o divino me concede nestes dias de extremo calor é o de poder sair de casa para ver pernas castanhas e suadas. Vinicius de Moraes dedica um poema à mulher que passa (Como te adoro, mulher que passas/Que vens e passas, que me sacias/Dentro das noites, dentro dos dias!). Eu sou mais específico: dedico uma vida às pernas que passam. É uma obsessão clara. E um atrevimento. E uma invasão de propriedade. Não tenho qualquer tipo de autorização para espiar as pernas da senhora que passa, nem sequer tenho Green Card para poder adivinhar o desenrolar daquilo que será nádega e parte íntima. Não tenho nada. Sou um tímido atrevido. Mas só no Verão. Só no Verão é que tento adivinhar as surpresas sexuais de cada mulher.
Admito: há duas semanas, lembrei-me do felatium que Chloe Sevigny fez a Vincent Gallo no aborrecido The Brown Bunny. Pensei: o Verão é isto. Sexo. Para minha grande infelicidade, essa época está quase no fim.
[Paulo Ferreira]
sábado, setembro 15, 2007
Época quente
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