domingo, março 15, 2009

O vampiro

A minha descoberta deste fim-de-semana foi saber que, para além de um sujeito esotérico que dá pelo nome de Lauro Trevisan, também há um escritor brasileiro chamado Dalton Trevisan (n. 1925), que aliás é um pseudónimo. A descoberta seria banal, se não fosse Dalton ser um bom escritor e, para além disso, uma figura rodeada de uma certa mística: o escritor é conhecido em Curitiba (onde vive, no Brasil) pela sua aversão a qualquer exposição pública, escolhendo resguardar a privacidade e o anonimato que só esse isolamento permitem. Para mais, ganhou mesmo a alcunha de «Vampiro de Curitiba» por essa aversão ao contacto com jornalistas. Uma atitude respeitável, fascinante e muito parecida com a de Herberto Helder. Um mistério que, deva-se dizer, até pode ajudar a vender livros. Eis um excerto do anacoreta de Curitiba em Cemitério de Elefantes:

José desfez o compromisso - como sustentar a família se nada quer com o trabalho? - e não mais se falaram. A moça casou com outro, asinha se apartou. José em voz alta que o pai ouvisse lá da sala:
- Aqui do bichão ela não esquece!

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