João Miguel Fernandes Jorge foi para mim, por muito tempo, apenas mais um nome de poeta português a ler em tempos próximos. Tempos próximos que foram sempre adiáveis, adiáveis, adiáveis. A espera foi negligente, até ter pegado em A Pequena Pátria, e descobri, num livro (de antologia, penso) que muito provavelmente nem será um dos melhores do poeta, mas que ainda assim reúne excelentes poemas de alguém que sabe escrever poesia, sem sombra das dúvidas. Miguel Esteves Cardoso dizia que João Miguel Fernandes Jorge era o melhor poeta português vivo. Pensei que era a amizade a falar mais alto. Mas não era.
Breve questão do ser português
António nunca chegou a triunfar.
Miguel foi banido. Pedro morreu
pleno de bondosa sabedoria.
Carlos assassinado e os jovens
príncipes pereceram
apesar de Manuel ter sido rei
dois anos lhe chegaram de experiência
fértil e clara.
Eis o teatro das acções humanas, a
vida portuguesa: um campo
de paixões
forças brutais
artes sem qualquer finalidade duradoira.
[João Carlos Silva]
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