terça-feira, outubro 16, 2007

O acto solene de desaparecer



«Desaparecido». Esta maneira de sair da cena da vida parece ter sido muito conhecida no século XVII; mas era então considerada um privilégio dos que tinham sangue régio e jamais seria concedida a um boticário. Por volta de 1686, de facto, um poeta com um nome de mau agorio (ao qual, de resto, fez justiça), Mr. Flat-Man, falando da morte de Carlos II, exprimia a sua surpresa por um príncipe ter cometido um acto tão absurdo como morrer; diz ele que «Deveriam os reis não morrer mas sumir-se».
Ou seja, deveriam eclipsar-se no outro mundo.


Thomas de Quincey, Confissões de um Opiómano Inglês

[João Carlos Silva]

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