Nuno Rogeiro, na Sábado, diz que Portugal, «mesmo no auge do império», nunca teve «imperialismo armado» e que as batalhas celebradas em Portugal são, na maioria das vezes, «conflitos de resistência». Sendo talvez interessante e verdadeira esta segunda afirmação (curiosamente, nunca tinha pensado nisso), a primeira já deixa algo a desejar, muitas pontas soltas. Na verdade, e tendo em conta a área de especialização de Nuno Rogeiro, até poderá parecer algo irresponsável que diga que Portugal tinha um imperialismo, digamos, «benevolente». Se é esse o objectivo da frase, então Rogeiro está - humildemente constato - redondamente enganado. Infelizmente para o autor da afirmação, que muito aprecio. É que esquecer que, depois de Vasco da Gama, a Índia foi «descoberta» a ferro e fogo - sobretudo com Afonso de Albuquerque - é pôr luvinhas brancas de seda nas rudes mãos dos lusitanos. Os brandos costumes da nossa história não eliminam o verdadeiro carácter das coisas.
[João Carlos Silva]
segunda-feira, maio 21, 2007
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Imperialismo benevolente seria uma contradição em termos... que o diga a população indígena da Bahia.
Mesmo dando folga à questão de interpretação pela diferença de mentalidades entre épocas, e sem interpretar moralmente a ideia de «império», acho que seria impossível haver um domínio imperial «manso». Mesmo que se esteja a falar de portugueses...
JCS
Enviar um comentário