Em Setúbal, festejam-se os trinta e cinco anos do 25 de Abril de 1974. Ou seja, festejam-se os trinta e cinco anos da dita «Revolução dos Cravos». Ou seja, festejam-se trinta e cinco anos de se ter derrubado, de forma bastante pacífica, um regime autoritário que pregou o país (e as mentalidades) ao chão. Que devastou a economia e as economias, sobretudo as pequenas. Que desfez o que restava em Portugal de uma propensão para querer a liberdade. Que minou o desenvolvimento faseado das estruturas básicas administrativas e das estruturas sociais. Em 1974 não passámos para melhor mas, por princípio, terminámos um período que será, acredito eu, relativamente pobre na história recente de Portugal.
Assim, merece ser «festejado». E como é que «festeja» tal transição? O programa é claro: entre os encómios a cantores e compositores de intervenção (os do costume, com Adriano Correia de Oliveira à cabeça e a inevitável mas equívoca partidarização de José Afonso), surge, é claro, a verdadeira liberdade, ou seja, uma agenda repleta actividades infantis e de fitness (é isso mesmo, fitness), de bandas filarmónicas, de vários passeios de bicicleta, de torneios de sueca, futebol, «pintura mural» (uma metáfora para vandalismo), malha, artes marciais, ténis de mesa, tiro ao alvo, bisca dos nove, damas, dominó, chinquilho, setas e, claro está, almoçaradas, lancharadas e bailaricos. Enfim, toda uma variedade de coisas que, muito certamente, não se podiam fazer durante o Estado Novo e que são as «conquistas de Abril». Afinal, o futebol é uma forma de emancipação política. Ou não?
Resta saber se, no fim, a rapaziada mais nova vai para casa a saber o que implicou o 25 de Abril simbolicamente (por bom ou mau que achem esse dia simbólico) ou se, muito justificadamente, chega a casa farta de confusão sem razão com vontade de se entrar num período autoritário que acabe com tanto festejo, festejos esses que substituem a sua razão de ser por serem entretidos pela razão invisível de terem sido «conquistas de Abril».
P.S.- enquanto escrevia este post, saiu-me «25 de Baril» em vez de «25 de Abril». O que parecerá, ao leitor distraído, um mero erro ou uma mera aselhice da minha parte, é visto por Freud como sendo um acto falhado, um lapso que tem muito a ver com o sujeito e menos com a linguagem. Sendo que «Baril», neste caso, seria o meu insulto pessoal às «vitórias de Abril». Se estivéssemos novamente no PREC, possivelmente este seria o «móbil» necessário para ser suficientemente fascista para não poder andar livre nas ruas.
Assim, merece ser «festejado». E como é que «festeja» tal transição? O programa é claro: entre os encómios a cantores e compositores de intervenção (os do costume, com Adriano Correia de Oliveira à cabeça e a inevitável mas equívoca partidarização de José Afonso), surge, é claro, a verdadeira liberdade, ou seja, uma agenda repleta actividades infantis e de fitness (é isso mesmo, fitness), de bandas filarmónicas, de vários passeios de bicicleta, de torneios de sueca, futebol, «pintura mural» (uma metáfora para vandalismo), malha, artes marciais, ténis de mesa, tiro ao alvo, bisca dos nove, damas, dominó, chinquilho, setas e, claro está, almoçaradas, lancharadas e bailaricos. Enfim, toda uma variedade de coisas que, muito certamente, não se podiam fazer durante o Estado Novo e que são as «conquistas de Abril». Afinal, o futebol é uma forma de emancipação política. Ou não?
Resta saber se, no fim, a rapaziada mais nova vai para casa a saber o que implicou o 25 de Abril simbolicamente (por bom ou mau que achem esse dia simbólico) ou se, muito justificadamente, chega a casa farta de confusão sem razão com vontade de se entrar num período autoritário que acabe com tanto festejo, festejos esses que substituem a sua razão de ser por serem entretidos pela razão invisível de terem sido «conquistas de Abril».
P.S.- enquanto escrevia este post, saiu-me «25 de Baril» em vez de «25 de Abril». O que parecerá, ao leitor distraído, um mero erro ou uma mera aselhice da minha parte, é visto por Freud como sendo um acto falhado, um lapso que tem muito a ver com o sujeito e menos com a linguagem. Sendo que «Baril», neste caso, seria o meu insulto pessoal às «vitórias de Abril». Se estivéssemos novamente no PREC, possivelmente este seria o «móbil» necessário para ser suficientemente fascista para não poder andar livre nas ruas.
2 comentários:
olha que 25 baril, até me parece bom :) gostei de te ler.
Já se teve a ideia de se passar dos festejos da «Revolução» para a «Evolução». Do 25 de Abril para Baril já não seria aberrante. Andamos tão trocados que qualquer dia estamos numa nova moda darwinista, mas dessa vez da «Revolução da Espécies».
Aparece sempre, Luís :)
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