sábado, abril 07, 2007

Entre a gente imbecil

Éramos, no café, entre a gente imbecil,
Apenas nós os dois adeptos do tal vil
Vício de ser «pró-macho»; e com simulação
Ríamo-nos do parvo, ar de bonacheirão,
De seus amores normais, com a moral à coca.
Punhetas mil fazendo, a desbastar a moca,
À bruta, à tripa-forra, e nisso apostados,
Plo fumo do cachimbo apenas meio velados
(Assim como Hero outrora a copular com Zeus),
As nossas piças, quais pencas e Karrogheus
Assoados à mão, aprazível limpeza,
Em jactos de langonha espirravam sob a mesa.


Paul Verlaine, Hombres*

*(trad. por Luiza Neto Jorge)

[João Carlos Silva]

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