Senilidade, de Italo Svevo, parecia-me um romance pueril, ao longo da leitura que fui fazendo nos últimos dias. Emílio Brentani, Stefano, Angelina numa roda viva de amores e jogos de possessão. Tudo se resumia a quem possuía quem e quem era subjugado - emocionalmente - pelo outro. É, aliás, um romance muito racional nesse aspecto: romântico consciente, manipulando os seus sentimentos e os do cônjuge (peculiaridade, aliás, que Somerset Maugham parece ter recuperado). Isto até as personagens caírem num pequeno abismo. Num «despertar» que acontece com a doença fatal de Amália, irmã de Emílio. E aí as costas vergam-se de angústia, o romance densifica-se e torna-se marcante. Os últimos capítulos marcam, de facto, o leitor. Subitamente, percebo: Senilidade não é sobre amores, é sobre amor.
[João Carlos Silva]
[João Carlos Silva]
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