Da minha janela vejo a rua e a natureza que a rodeia. Se me esforçar um pouco mais, consigo ainda vislumbrar vários indícios de civilização, como automóveis, prédios, prostitutas e toxicodependentes. Mas, dentro desta sala, ninguém me consegue ver, porque não está cá mais ninguém para além de mim.
E eu observo a multidão na rua.
E eu reparo nos traços mais vincados da nossa forma de vida (um vagabundo que lava as mãos com a sua própria urina, por exemplo).
Será esta a sensação que aflige o Senhor omnipotente quando Ele se senta na sua cadeira solitária?
Serei eu uma espécie de deus mortal?
Na rua, duas mulheres trocam bofetadas e até a mim me dói.
E cá dentro nada se move.
Um deus não sofre assim.
[Paulo Ferreira]
sexta-feira, maio 26, 2006
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1 comentário:
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