terça-feira, maio 02, 2006

Gentes de outrora

Meu irmão caminha de mãos atrás das costas,
quando come alarga os cotovelos sobre a mesa,
aperta os sapatos apoiando os pé
na cadeira e se lava o rosto
lamenta-se, bufa, treme de frio;
o bigode está sempre direito, usa o chapéu na cabeça, mesmo na cama,
e quando o chamam volta-se de uma só vez
como uma estaca.
Ficaram-lhe os vícios das gentes de outrora:
acende os fósforos nas botas
e tem o cabo da colher fechado no punho.

Por vezes detém-me em pé a fixar
um ângulo do quarto, de olhos cerrados
e dispara peidos sonoros
como os de nosso pai.


Tonino Guerra, O Mel

[Paulo Ferreira]

4 comentários:

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