sexta-feira, março 03, 2006

Dia santo na loja

Sessão plenária no parlamento japonês


Os problemas no local de trabalho preenchem, sem dúvida, as melhores conversas de café (e de autocarro, e de Metro, e de loja, e de rua, e de supermercado, e de restaurante, e de, claro está, trabalho). Não há ninguém que nunca se tenha queixado a alguém dos problemas que tem com uma ou outra personagem com quem trabalha ou, simplesmente, partilha o local de trabalho. No mínimo, já todos ouviram histórias alheias de como os problemas são resolvidos «por quem sabe».

É bem conhecida a história do padeiro racista despedido que, no último dia de trabalho, para se vingar do patrão cabo-verdiano, escondeu um pequeno explosivo artesanal num brioche fresco, rebentando bem nas barbas do pobre padeiro substituto (que, após o acidente, se tornou, também ele, racista).
Ou a história do trolha indignado que espancou o mestre-de-obras para reivindicar o seu salário atrasado («Agora arrotas o que não deste», repetiu o rapaz para os ouvintes), apenas percebendo mais tarde que o cheque já havia sido enviado por correio.
Mais impressionante é quando os problemas não vêm do local de trabalho mas da vida pessoal e se instalam posteriormente na vida profissional. Como o caso da espanhola de Elvas que, no seu restaurante, serviu em travessas, num fim-de-semana gastronómico muito elogiado pelos clientes, o seu marido que a andava a trair. Só muito tarde Marisol (nome fictício) descobriu a traição do seu homem. Portanto, também só mais tarde (uma semana) se descobriu o que estava nas travessas.

O mais provável, no entanto, é que o homem acabado de ser despedido e humilhado sem resposta no trabalho afirme depois, alto e bom som, perto da sua audiência: «Digo-te já, naquele dia a bobine aqueceu e eu descarreguei-me todo. Ele bem que pedia, mas pensas que eu...? Oh meu amigo... parti o estaminé todo ao filho-da-#$%& e disse 'aqui não trabalho eu'». Omitindo, é claro, que nunca chegou um dia a horas ao trabalho.

[João Carlos Silva]

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