quarta-feira, maio 31, 2006

A mais bela história

A mais bela das mulheres (porque tu a amas) apaixona-se por ti e tu deixa-la fugir, como se ela fosse um pássaro que, a pouco e pouco, vai perdendo as penas até se deixar morrer.
Uma grande mentira que se inventou foi o amor correspondido.
Quando duas pessoas se enamoram uma pela outra, tudo parece indicar que se gera um sentimento universal, inabalável. No entanto, o Amor tem uma substância demasiadamente pesada para que possa ser suportado por duas pessoas ao mesmo tempo. É por isso que uma relação nunca é vivida da mesma maneira pelo par. Enquanto um sofre, o outro pensa que tudo decorre de forma perfeita. Enquanto um está em casa à espera que uma nova manhã apareça para que possa ver o seu amado, o outro está num hotel a fornicar uma brasileira calejada.
Todas as moedas têm duas faces. Eu posso ser a insígnia real e tu a cara do imperador. Mas nunca nos podemos juntar do mesmo lado. Com os sentimentos se passa o mesmo. O que não quer dizer que amar seja impossível: olhando para a fotografia da minha esposa, posso amar de uma forma que nunca ninguém amou.
Contudo, a mais bela das mulheres apaixonou-se por mim e eu deixei-a fugir. E ela amou-me de uma forma impossível, já que fugiu e eu não a apanhei. E ela agora chora.

[Paulo Ferreira]

2 comentários:

Rui disse...

A mais bela história - talvez. A mais amarga, pelo menos. Um texto fascinante - sem dúvida. Capturaste os sentimentos em jogo de um modo tremendamente vívido e real. Os meus parabéns.

Anónimo disse...

Really amazing! Useful information. All the best.
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