terça-feira, maio 06, 2008

Zenith



Ver o Zenith de São Petersburgo jogar futebol é uma lição moderna de futebol «clássico». De um futebol que, hoje em dia, já não existe sem aqueles jogadores de Ferrari e namoradas supermodelos. Talvez esta seja a ideia de um apreciador ingénuo e antiquado do desporto: o jogador pobre e esforçado, entregue de corpo e alma ao futebol, não visto como uma profissão, mas como a prova última de pertença a uma comunidade.

«Futebol total» é um conceito que, muitas vezes, nos últimos tempos, tem sido utilizado gratuitamente para designar qualquer exibição, acima do sofrível, de qualquer equipa portuguesa. Mas há muito que não via este conceito aplicável. Para mim, voltou com o Zenith de São Petersburgo, uma equipa a lembrar não apenas o «futebol total» holandês, com um jogo ao primeiro toque com movimentações rapidíssimas e com uma versatilidade extraordinária da equipa, mas também a máquina soviética de futebol, em que cada jogador jogava tanto a defesa central como a «ponta esquerda» ou a avançado - também os jogadores do Zenith passam, correm, rematam, defendem, pressionam, cabeçeiam com igual qualidade entre si. Estivesse o Zenith na Liga dos Campeões e vê-los-íamos certamente nas meias-finais. Por agora, bastar-lhes-á a Taça UEFA, que bem merecem.

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