sábado, fevereiro 03, 2007

Little Miss Sunshine



Little Miss Sunshine não foi, propriamente, uma surpresa. Ganhou-se o hábito de dizer que filmes bons são uma «boa surpresa» quando vêm do cinema independente e, sobretudo, quando vêm de realizadores desconhecidos. Mas há muito que deixei de ter «surpresas», no literal sentido da palavra, em relação a projectos de desconhecidos.

As séres da HBO, nesse sentido, seriam sempre «boas surpresas», já que são obra de gente relativamente obscura no meio de Hollywood. Por outro lado, cada filme de James Cameron, Tony Scott, Michael Bay e outros é sempre uma «desilusão». Deixem-me esclarecer: Cameron, Scott ou Bay já não desiludem ninguém, aquilo é mau e pronto. Little Miss Sunshine, por outro lado, não é uma «surpresa», é uma excelente incursão em cinema de gente mais do que habituada a filmar e a trabalhar no meio.

Com excelentes interpretações e um excelente argumento (destaque para uma das qualidades que aprecio: desenvolver as personagens individualmente e em profundidade), em redor de um tema/motivo/fio condutor mais do que original - um concurso de beleza infantil - o filme foge a todos os lugares comuns que se poderiam fazer e mostra que, com um pouco de inspiração, Jonathan Dayton e Valerie Faris podem fazê-lo de novo. Sem pressas, de certeza que poderão fazer. Um dos meus preferidos do ano.

[João Carlos Silva]

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